Adolescente de 14 anos foi apreendido em escola municipal de Pitangueiras.
Docente de 55 anos precisou de dez pontos na cabeça; polícia apura o caso.
Um aluno de 14 anos foi apreendido nesta quinta-feira (13) depois que um professor foi agredido durante a aula em uma escola municipal de Pitangueiras (SP). De acordo com a Polícia Civil, o adolescente ficou irritado por ter sido repreendido e, com uma enxada, atingiu o docente na cabeça.
O professor, de 55 anos, foi socorrido e levado para a Santa Casa da cidade. Ele foi liberado, mas permanece em repouso. O caso foi registrado como lesão corporal dolosa grave e comunicado à Justiça e à promotoria da Infância e da Juventude. O aluno foi levado para a Fundação Casa de Franca (SP).
Em nota, a Prefeitura lamentou o ocorrido e afirmou que está prestando toda assistência ao professor. A Secretaria da Educação informou que a escola segue com as atividades normais, mas não disse se o jovem sofrerá alguma penalidade por parte do colégio.
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A confusão começou por volta das 10h, na Escola Municipal de Educação Infantil Dr. Clovis Guimarães Spínola. Segundo depoimento das testemunhas, o professor chamou a atenção do jovem porque ele estava atrapalhando a aula.
Irritado com a bronca, ele teria saído da sala e pegado uma enxada em outro cômodo do colégio, para em seguida voltar à classe a atingir a cabeça do professor, que estava de costas, conversando com a diretora.
“Ele não se conformou com essa bronca que levou do professor e aí resolveu agredir. Valemos desses depoimentos para poder chegar à conclusão que houve essa agressão despropositada e grave”, ressaltou o delegado Pláucio Fernandes.
O professor foi levado para a Santa Casa da cidade, onde foi atendido e levou dez pontos na cabeça. De acordo com a filha dele, Lídia Nascimento, o pai, depois de receber alta, voltou paraViradouro (SP), município em que reside, mas passou mal e precisou de atendimento novamente. Ele foi liberado e continua em repouso. Inicialmente, ele ficará sete dias afastado de suas atividades.
Apreensão
Enquanto funcionários da escola socorriam o docente, a Guarda Municipal foi chamada e encaminhou o adolescente para a delegacia, onde ele foi autuado por lesão corporal dolosa grave.
“A polícia entendeu que o caso é grave e apreendeu o menor. Não o liberou para os pais”, explicou Fernandes. A ocorrência foi avaliada pela Justiça, que decidiu pela internação do menor na Fundação Casa de Franca.
Ainda de acordo com o delegado, a polícia irá apurar também qual era a conduta do estudante com os demais professores. “Se era boa ou se era ruim, se foi um episódio isolado ou se era comum. Isso também vai enriquecer a investigação e vai ser levada ao poder judiciário."
Aluno é 'nervoso', diz avô
Os avós do adolescente, por quem ele é criado, foram chamados pela escola para acompanharem o caso. No local, avó e avô pareciam descrever pessoas diferentes. Segundo Sebastião José Cassiano, o neto é "nervoso" e já tinha se envolvido em confusão antes. “Na escola, eu acho que já. Não sei o que aconteceu. Mas já. Direto a gente aconselha para não brigar. Ele é muito nervoso."
Segundo ele, o jovem já tinha mencionado ter problemas com o professor na semana anterior, mas não explicou o motivo da agressão quando foi confrontado pelo responsável. “Perguntei, mas ele só chorou. Só chorou. Ele não é violento, é nervoso. Moleque novo, tem 14 anos."
A dona de casa Tersina Alves Cassiano também afirmou que o neto tinha reclamado, mas negou que ele seja agressivo. “Ele é calmo, não é um menino ruim. Eu estou surpresa porque ele é calmo, nunca me respondeu. Nunca. Já faz uns dias que ele vinha reclamando. Eu creio que ele é uma pessoa do bem. Se ele deu essa enxadada alguma coisa muito grave deve ter acontecido. Porque ele não é violento. Alguma coisa aconteceu”, disse Tersina.
Responsabilidade
Além de questionar os motivos que levaram o adolescente a agir de forma agressiva, a avó interrogou a escola sobre a enxada, que estava em local de fácil acesso. “Coloca [a enxada] em quarto fechado. Deixa fechado. Porque criança é assim. A mesma hora que está com o pensamento bom está com o pensamento ruim. Você não sabe o que um adolescente está pensando."
De acordo com o delegado, a direção do colégio explicou que a unidade passou recentemente por reforma e que o material utilizado estava guardado em um quarto. Agora a polícia tenta descobrir como o jovem teve conhecimento e acesso ao objeto.
Fernandes explicou que, do ponto de vista criminal, a escola não pode ser responsabilizada pelo caso. “Foi com uma enxada, mas poderia ser com outro objeto. Poderia ter sido com uma carteira, um pedaço de madeira, ou outra coisa a que ele tivesse acesso. O problema todo é a intenção dele de agredir severamente o professor”, afirmou.
Embora a direção da escola não tenha comentado o caso, a Prefeitura, em nota, informou que lamenta o ocorrido e que chamou a Guarda Municipal e os responsáveis pelo aluno para tomar as medidas cabíveis.
A Secretaria Municipal de Educação comunicou que a escola segue com as atividades normais e conta com a presença diária da GM efetiva de Pitangueiras.
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